segunda-feira, 12 de julho de 2010

A Loja de Pianos da Rive Gauche

A Loja de Pianos da Rive Gauche, de T. E. Carhart, é um pequeno relato de um americano que vive em Paris e que, ao passar por uma loja de reparos e venda de pianos, faz amizade com Luc, o restaurador. A partir daí, vê renascer seu amor pela música e pelo piano propriamente dito.

Narrando em forma de romance de memórias, com uma linguagem leve mas envolvente, o autor compartilha momentos pessoais do seu passado e presente, entremeando com passagens informativas sobre pianos de marcas famosas (e outras nem tanto), peculiaridades sobre afinação, construção, restauração e a própria história deste instrumento tão popular, bem como com curiosidades sobre pianistas e seus pianos.

Aos poucos, vamos entrando no universo dos que apreciam e dos que se aventuram a desvendar os segredos do teclado. Acompanhamos as experiências de Carhart que, após adquirir um piano usado, decide voltar a seus estudos. Suas experiências de aprendizado enquanto adulto são mescladas com lembranças de seus estudos na infância.

Leitura agradável certamente para todos, mas imperdível para pianistas, profissionais ou amadores, conhecedores ou não da história do piano.
Abaixo, um trecho do romance:

Passei a ir regularmente ao ateliê e aos poucos fui percebendo que estava dando asas a uma fantasia que tinha desde criança. Os pianos sempre exerceram sobre mim um enorme fascínio. As primeiras recordações que tenho deles são bastante imprecisas, porém, carregadas de emoção, de uma estranha combinação do real - enormes peças do mobiliário diferentes de tudo o mais - com o imaginário. O que fazia com que uma pessoa sentada diante daquele estranho gigante fosse capaz de produzir sons tão bonitos, apenas movendo os dedos para um lado e para o outro? Eram objetos enormes e maravilhosos dos quais saía música por algum processo inescrutável. Dava-me um incrível prazer pressionar aqueles pedacinhos de madeira brancos e pretos ou então dar-lhes socos com os punhos cerrados. Alguma coisa acontecia "lá dentro" e de lá saíam sons estranhos, brilhantes e surpreendentes, às vezes muito intensos. Não conseguia compreender porque os adultos se dariam ao trabalho de inventar uma coisa grande como aquela cuja única função fosse fazer barulho.

(A Loja de Pianos da Rive Gauche/T. E. Carhart; tradução de Maria Alice Máximo. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009. p.54)

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